segunda-feira, 2 de maio de 2011

Há enfermeiros em Portugal a querer prescrever?...

Quando se fala em enfermeiros prescritores, estamos a falar de um assunto que segundo o "NURSINGTIMES.NET" foi proposto pela primeira vez no Relatório da Coroa em 1989 (Ministério da Saúde Inglês, 1999). E que destacou o potencial do enfermeiro prescritor na melhoria dos cuidados e dos serviços, uso de recursos mais eficientes e aumento da satisfação dos clientes (Luker et al, 1997; 1998).
A prescrição complementar foi introduzida no Reino Unido em 2003 para melhorar o atendimento e tratamento de pessoas com o termo de condições de saúde de longa duração. Os prescritores complementares, prescrevem em parceria com um médico. Os prescritores complementares são um excelente exemplo de como tais abordagens flexíveis para a prestação de cuidados e os novos papéis profissionais podem contribuir para a qualidade dos serviços de saúde.
Em Abril de 2006 o Ministério da Saúde do Reino Unido, forneceu orientações para apoiar a implementação de enfermeiros e farmacêuticos na prescrição independente no inEngland NHS (DH, 2006). Estudos mostram que não há diferença nos resultados clínicos entre os fármacos prescritos por um enfermeiro e os prescritos por um médico (Mahoney, 1995; Mundinger et al, 2000). Estudos mais recentes dos EUA, sugerem que a qualidade do atendimento e a satisfação dos utentes pode aumentar quando os enfermeiros prescrevem, e acrescentam ainda que os enfermeiros de saúde mental estão capacitados em combinar a medicação com terapias psicológicas (Talley e Richens, 2001; Nolan et al, 2004).
No Reino Unido desde 2003, os enfermeiros a trabalhar no Birminghamand Solihull Mental Health NHS Trust têm conseguido prescrever medicamentos em parceria com um médico, no âmbito das suas práticas e no quadro complementar de prescrição. A confiança reconheceu este desenvolvimento significativo, o que teve um benefício para os utentes do serviço. E decidiu proceder a um estudo piloto para enfermeiros prescritores em saúde mental ao longo de um período de seis meses.
A esta iniciativa seguiu-se o anúncio formal do enfermeiro poder prescrever, desde que esse enfermeiro concluísse com êxito um curso reconhecido de uma prescrição não-médica. E agora os enfermeiros podem prescrever de forma independente (DH, 2005). Todas as respostas ao estudo, indicaram que os utentes estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento prescrito pelo enfermeiro. A grande maioria dos entrevistados (97%) indicaram que tinham confiança na capacidade e competência do enfermeiro, e 95% também indicaram que receber uma prescrição do enfermeiro tinha melhorado o seu acesso aos cuidados e tratamento. Mais de metade (53%) considerou que o serviço que eles tinham recebido era melhor do que o serviço prestado por um médico.
Um entrevistado comentou: "Minha enfermeira viu-me rapidamente..." Este facto parece estar associado ao facto de o cliente sentir que o enfermeiro lhe concedia mais tempo do que um médico, e que, como resultado tiveram mais tempo para fazer perguntas sobre o seu tratamento. Contudo, a maioria indicou que preferia um médico para reter a responsabilidade global. Os resultados sugerem que os enfermeiros prestam um tipo diferente de serviço a partir dos médicos e que os clientes estão satisfeitos e confortáveis com este serviço.
A prescrição de medicamentos é uma realidade presente na Europa, e nos EUA. Contudo para que os enfermeiros destes países conseguissem aqui chegar, foi necessário existir uma união da classe no sentido de querem assegurar mais essa competência. Em Espanha também já existem enfermeiros preparados para prescrever medicamentos. E em Portugal? Será que a enfermagem também quererá evoluir e desenvolver-se para esta realidade? Contribuir para a melhoria dos cuidados e indicadores, ou quererá ficar estagnada por mais 20 ou mais anos? E quando outras classes os ultrapassarem, nomeadamente os farmacêuticos, ou outros. Será que somos nós que estamos certos e os outros países errados??

Sem comentários:

Enviar um comentário